Teoria logística da civilização. Parte 1 “Manaus”

A teoria logística da civilização fornece os fundamentos para um estudo objetivo e imparcial da história da civilização, desde os tempos antigos até o presente.

O nome da teoria é determinado pelo principal objeto da pesquisa - a história da logística dos fluxos de mercadorias, isto é, que baseia-se na posse das naturais, óbvias e exatas referências geográficas de fenômenos e fatos como: locais de extração de recursos, meios de transporte e locais de consumo pela civilização.

Vamos começar com os exemplos óbvios: os “falantes” nomes das cidades e minas de Shakhty e Manganets da região de Donetsk, Apatity da região de Murmansk, Magnitogorsk, Nefteyugansk e outros, que parecem sugerir terem sido criadas em razão da extração de recursos. O curioso país Panamá foi criado como uma zona de manutenção (ou área de serviço) para o Canal do Panamá.

Os empreendimentos formadores de muitas cidades recentes podem ser facilmente encontrados e sua relação com o surgimento / desenvolvimento da cidade não é particularmente surpreendente.

O exemplo de “florescimento e queda de uma civilização" pode ser melhor observado na agora pouco conhecida cidade brasileira de Manaus, que está localizada exatamente no meio da selva da América do Sul, na confluência dos rios Amazonas e Negro.

Teoria logística da civilização. Parte 1 "Manaus" - Logistic theory of civilization

Nas florestas em torno de Manaus você pode descobrir palácios cobertos de vegetação, com vestígios de magnífico mobiliário, pianos de cauda e outros entulhos. As pessoas abandonaram este local subitamente. E desconhecendo a história do homem, poderíamos argumentar que existiu ali poderosa civilização devastada por bárbaros, epidemias ou alienígenas, assim como construir outras conjecturas, normalmente feitas quando são descobertas antigas construções.

E de fato, há mais de cem anos, a civilização veio para cá e foi embora aproximadamente vinte anos depois. Mas as razões são mais prosaicas.

Como você sabe, a civilização chega a algum lugar sob as seguintes circunstâncias:

1  uma civilização sabe que existe algum recurso;

2  este recurso subitamente exige uma civilização;

3  existem meios de comunicação (ou transporte) até o recurso que permitem removê-lo do local de extração;

4  no presente momento é mais vantajoso minerar os recursos neste lugar.

No parágrafo número 3,  isto significa estradas.  Manaus tem mais do que isto - é um porto marítimo no coração do continente sul-americano e a profundidade do Amazonas permite que os navios oceânicos passem tranquilamente.

A condição número 1 também parece ter sido conhecida há muito tempo pela civilização, aproximadamente desde o século XVI: nas florestas que circundam Manaus, crescem as árvores da Hevea, cujo suco é a fonte da borracha natural.

Não está muito claro por que a condição n ° 2 inesperadamente foi ativada e a civilização de repente lançou-se sobre a borracha natural. Muitos citam o aumento da procura de pneus para caminhões, automóveis, bicicletas e outros meios de transporte. Alguém menciona o isolamento de redes e cabos elétricos. De um modo ou de outro, desde 1879 os países latino-americanos da bacia amazônica foram afetados pela chamada "febre da borracha".

Até este momento, Manaus existia virtualmente em hibernação, pelo menos até 1856, quando foi renomeada e, de Nossa Senhora da Conceição da Barra do Rio Negro, passou ao nome mais moderno de Manaus, com um total de 1.200 habitantes. Não há evidências de que qualquer coisa houvesse mudado antes de 1879.

E subitamente tudo começou a agitar-se. Em Manaus, homens de negócio empreendedores surgiram e começaram a contratar moradores locais para a coleta de borracha. Não importa que muitos fossem morrer com picadas de serpente.

Exportações da matéria-prima da borracha resultaram no ingresso de moedas estrangeiras no país. No entanto, 90% dos recursos foram gastos pelos brasileiros no consumo de bens importados (especialmente produtos de luxo) e não para fortalecer suas próprias produções.

Em 1890 começou a idade de ouro de Manaus - a cidade transformou-se na capital da exportação de borracha, que era coletada nas florestas da Amazônia. Os rendimentos sobre a borracha permitiram a circulação do primeiro bonde elétrico da América do Sul em 22 de Outubro de 1896, a eletrificação de várias casas e, em 31 de Dezembro, a inauguração do maior teatro do mundo, o Teatro Amazonas. Em 17 de Janeiro de 1909, foi aberta a primeira Universidade do país. Em apenas 20 anos, Manaus superou tudo que havia no Rio de Janeiro e em Buenos Aires. Mas aqui termina o conto de fadas. Em 1910 os preços da borracha começam a despencar e termina a idade de ouro - desaparece a condição № 4.

A má organização dos produtores latinoamericanos, as insalubres condições de trabalho, o aparecimento de novos vírus que infectaram as árvores nos seringais, assim como o fortalecimento da concorrência com a Grã Bretanha, que aspirava iniciar a manufatura da borracha em suas colônias equatoriais, colocam fim na primeira fase do “boom” latinoamericano, que também expira repentinamente como se iniciou. Muitos plantadores fabulosamente prósperos foram à falência, abandonaram suas casas e, naturalmente, os trabalhadores foram abandonados e deixados na selva à mercê do destino. Mesmo assim, a febre da borracha deu início ao moderno desenvolvimento da região: novas cidades surgiram, estradas de ferro foram construídas e rudimentos de infraestrutura foram criados.

Em 1879, o britânico Henry Wickham retirou e levou 40 mil sementes de hevea para Londres. Em 1914, extensas plantações de café ocupavam área considerável na Malásia Britânica, assim como  em outros países equatoriais na Ásia e mais tarde, em menor escala, na África.

Seu grande sucesso é devido à alta densidade das plantações, assim como à ausência dos fungos amazônicos, que na Amazonia naturalmente controlam o número das espécies individuais para preservar a diversidade biológica da floresta.

Nos anos 1942-1945, o Japão pro-fascista capturou a maior parte das colônias europeias no Sudeste Asiático. As indústrias dos EUA e UK necessitavam agudamente de borracha nos anos de guerra. Portanto, a demanda cresceu, inclusive para matérias-primas brasileiras. Durante estes anos, com o produto da venda de borracha, os brasileiros erigiram o Grande Hotel Belém.

A síntese da borracha em gigantescas fábricas foi executada pela primeira vez no mundo em 1932, na URSS, através de método desenvolvido por S.V. Lebedev. Em 1938, a produção industrial de estireno butadieno foi organizada na Alemanha e, em 1942, produção em larga escala de borracha sintética surgiu nos Estados Unidos. Em 1972, a borracha sintética era produzida em mais de 20 países e plantações de borracha não foram mais necessárias a partir de então. E assim naturalmente será com o petróleo e a energia.

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